9.10.09

"Quero-me encontrar mas não sei onde estou, vem comigo procurar alguém num lugar mais calmo e longe dessa confusão, longe dessa gente que não se respeita.
Tenho quase a certeza que não sou deste mundo!
Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo, tenho todo o tempo do mundo.
Todos os dias antes de dormir vejo que esse foi o dia, sempre em frente, não tenho tempo a perder.
O meu suor é sagrado, é bem mais belo e amado que esse sangue e ódio amargo.
Vejam essa manhã tão cinzenta, a tempestade que chega é maior que os meus olhos castanhos. Então abraça-me forte e diz-me mais uma vez que estamos distantes de tudo.
Temos o nosso próprio tempo.
Não tenho medo do escuro, mas agora deixo as luzes acesas!
Não adianta olhar para o céu com muita fé e pouca luta.
Levanta a cabeça que existe muito protesto muita greve para fazer, não adianta olhar para o chão e virar a cara para não ver. (...)
Questiono o todo e o nada, busco nos meus sentimentos o sentido da vida. Perdido num mundo sem portas nem janelas, percorro no escuro um caminho já traçado, apalpo as paredes rochosas, onde consigo sentir a humidade. Ou será que a parede chora com piedade de mim?
Não! Basta de tanta estupidez, neste mundo já ninguém chora por alguém. Continuo no escuro... Que ser é este que caminha sozinho? Para onde irá? Sou eu, a aventura de alguém que nasceu, cresceu e depositou no mundo uma semente, que sabia germinar.
Sou eu, a voz que canta no escuro e não é ouvida, o corpo que deambula pela noite e não é visto, o sonho que voa por entre as nuvens à qual ninguém dá importância, uma árvore na floresta que ao passar ninguém repara, uma estrela no céu que todos vêem sem admirar.
Sou eu um amanhecer sem sentido, um pôr-de-sol sem magia, pois já não há pessoas que admirem as pequenas coisas e tirem delas a alegria.(...)
Então continuo a caminhar sozinho no escuro...
E a perguntar. Que ser é este que caminha sozinho? Para onde irá?"

Dravim 2009 ~Encruzilhada de Viajantes

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