10.4.09


"Um gesto tão dela que, sem saber como nem pensar porquê, ela percebeu que o seu corpo corria pela escada, sôfrego, infantil, ardendo de desejo, atrás dele. Como se tivesse acabado de sair do carro agora mesmo, e os dois últimos meses tivessem sido uma surda hibernação, um sonho mau; como se fosse a tempo de desfazer um gesto errado.

Nenhum deles aprendera a resistir ao chamamento do outro. Era como se os seus nomes respondessem, à revelia dos donos, de cada vez que eram prenunciados pelo outro. «Preciso de ti», disse ela. «É uma estupidez, bem sei, não nos entendemos, pois é, mas preciso de ti.» «Vamos tentar», disse ele, «temos de conseguir entender-nos, sem ti a vida dói.» «Ainda mais do que comigo?», perguntou ela, rindo."

Nenhum comentário: